Criança, era outro...
Naquele em que me tornei
Cresci e esqueci.
Tenho de meu, agora, um silêncio, uma lei.
Ganhei ou perdi ?
(Fernando Pessoa)
Criança, era outro...
Naquele em que me tornei
Cresci e esqueci.
Tenho de meu, agora, um silêncio, uma lei.
Ganhei ou perdi ?
(Fernando Pessoa)
...um dia 31 de Março do ano 19...e tal, quando, pouco antes das sete da manhã, esta menina (não se vê na foto, mas é), viu pela primeira vez a luz do dia, tornando-me, e à mãe, os pais mais babados do mundo.
Era toda rosadinha, rechonchuda e deu trabalho a nascer porque, acho eu, não parava quieta. E continua assim até hoje, sem parar, embora já não seja tão rosada nem rechonchuda.
Esperamos nós, os pais e os que a amamos, que continue assim durante muitos anos, sem parar.
Para ti, minha filha, muitos parabéns e todo o amor do pai e da mãe que se orgulham muito de ti, e te agradecem o que nos tens dado nestes anos, em especial os dois netos lindos
Tem um dia muito feliz.
Não sei se um dia partirás
mas se o fizeres
vai de noite,
que eu não quero conhecer
as cores desse dia.
E nem deixes para trás a agonia,
rompe-me a aorta,
corta-me a respiração
deixa-me espalhado pelo chão.
Abre-me o peito com um estilete
estreito, longo e afiado
e leva contigo o coração.
Expõe-o numa vitrine
com um cartaz grande,
bem visível
e escreve a negro reforçado:
“Eis o que resta do último romântico
que por amor se deixou morrer.
Que absurdo,
chega a ser risível
Um querer ser diferente,
uma vaidade
Como se o amor não fosse há muito
um produto perecível
Pensaria porventura ele que se tratava
De um bem de primeira necessidade?”
O teu olhar
caminhante em mim
é apelo mudo em eco de mil gritos
ao meu corpo
que espera a tua pele
em tumulto sequioso, incontrolável.
O meu olhar
Vagabundo em ti,
perde-se em cada canto idealizado
e improvável
do corpo que estendes e ofereces
entre as íntimas sombras do alvor.
É assim, nesta fusão de olhares,
nesta irrecusada e mútua atracção
que num encantamento intenso
e assombrado,
me deixo quase escravo sucumbir
à vontade imensa de cobrir
de beijos insensatos e paixão
a tua boca violentamente rubra
que me tenta entreaberta e me sussurra,
entre carícias e suspiros: Meu amor.
O belo mote
"O teu olhar,
Caminhante em mim",
foi o auge final de um lindo poema da minha querida amiga Jacky, e que inspirou à minha Viajante preferida a outro belo pedaço de poesia.
Achei a frase e o que elas escreveram tão bonito, que não resisti a também me arriscar a escrever algo sujeito a tão bela expressão.
NOTA IMPORTANTE: DA BEIRA, E NA NET ATRAVÉS DE UMA LIGAÇÂO MUITO PRECÁRIA; PORTANTO NA IMPOSSIBILIDADE DE VOS VISITAR A TODOS, DEIXO-VOS AQUI OS MEUS DESEJOS DE QUE TENHAM UMA PÁSCOA MUITO FELIZ, COM OS VOSSOS QUERIDOS.
DO FUNDO DO CORAÇÃO
Chegado a esta altura do ano já sei que sou inapelavelmente assaltado pela excruciante dúvida de saber a verdadeira identidade do Coelhinho da Páscoa.
Claro que desta vez não escapei, e aí estou eu a debater-me sobre quem terá sido a real vítima da cruel gula do Pai Natal (essa nefanda figura do imaginário infantil, que com o seu crime veio deitar por terra muitos dos nossos sonhos mais inocentes e mostrar-nos que já nem nas barbas brancas podemos confiar).
Sim, continuo sem saber a verdadeira identidade da protagonista-vítima do crime denunciado pelo conhecido anúncio televisivo a uma reconhecida marca de chocolate, que assim, e para além do seu fim publicitário, cumpriu um desígnio moral e de cidadania, trazendo ao conhecimento público o facto, relatado com detalhes, da tomada do comboio mesmo debaixo da árvore de Natal, pela calada da noite pela execrável criatura, que valendo-se da época de excessos e euforia e também da sua aparência serena e respeitável, deu curso aos seus instintos mais básicos, para não dizer canibalescos, para devorar com requintes de malvadez, o pobre Coelhinho da Páscoa.
Encontrei por aí estas três fotografias. Qualquer delas pode ser da presumível vítima, o malogrado Coelhinho. Certa, só a dor que todos devemos sentir pelo prematuro desaparecimento de tão querida e tocante personagem
Do Mar
Estendeste-me braços de Primavera e de mar
Ondas de azul, marinho e de sargaço
E eu deixei-me levar, afogado em maresia
Como se o céu, o sol, a lua, toda a vida
Pudessem caber, por inteiro nesse abraço
Dia da Poesia
Hoje, é dia da poesia.
Disseram.
Ignorante, nem sabia que existia
Um dia especial para ela
sempre tão ignorada.
Mas há, lembraram-se dela.
E quis fazer um poema,
pensei muito, toda a noite
mas faltava sempre o tema
Chega então a madrugada
e olho para ti a meu lado
Recordo as tuas pernas esguias
brancas, sôfregas, inquietas
a abraçarem-me as ancas
e a puxarem-me a ti
em impulsos de paixão.
Sinto ainda na pele
de nós os dois os suores,
os fluidos misturados
tal como os nossos corpos
em perfeita conjunção,
sem fronteiras, como um só.
Não há nunca melhor tema
que tu, ali em repouso
nua, bela e descuidada,
deixando solto no lençol
em aromas de alfazema
esse teu terno sorriso
que me incendeia a alma
e me aquece mais que o sol
Olhar
Hoje só cá deixo um queixume
que é Primavera lá fora,
o corpo é uno em desejo e a alma
um intenso lume
e o coração anda à espera
de um sinal daquele olhar
que todos os dias se alonga
em promessas ao passar.
Incumpridas até hoje
que assim se estende o desejo
e se dilata a paixão
neste anseio permanente
que se concretizem um dia
todas as muitas promessas
que saltam daquele olhar
Por isso esta inquietação
que se apodera de mim
são as noites mal dormidas
que parecem não ter fim
na espera do amanhecer
e de que por fim se cumpram
as promessas pressentidas
no fundo daquele olhar
que me enfeitiça ao passar
Abro janelas à vida e ao mundo que é lá fora
Escrevo em paredes que invento, o dia que se esboroa
Faço poemas esforçados à terra que me deu à luz
Percorro sozinho o mar em antigas caravelas
E deixo-me evolar em sonhos de todas as cores, à toa
Abro janelas à vida e ao sol que se vai embora
Debruço-me nelas à noite e falo à lua e às estrelas
Diz-me, diz-me só
porque não hei-de passar
indiferente
quando uma mão pequena se estende
aberta à minha frente
Diz-me porque se me orvalha o olhar
quando vejo as minhas crianças
belas, ao sol a brincar
Ou, porque rola uma lágrima
rebelde pela face
quando no escuro do cinema
vejo o Chaplin finalizar
o seu discurso no Grande Ditador
ou assisto ao diálogo de Neruda
com o carteiro a quem ensina
a conjugar o verbo amar
Diz-me porque não hei-de tudo ver
com olhos toldados pela chuva
gelada da indiferença
em que as imagens retidas pela vista
batam em vão,
numa porta de granito intransponível,
que proteja, implacável, o coração
Corpo
Os dedos, audazes, atrevidos
traçam um mapa complexo, rebuscado
percorrem recantos que nem os olhos vêem
semeiam fogos, paixões
desafiam o corpo indefeso ao pecado,
desejos vorazes,incontidos
E ele, o corpo como harpa,
vibra urgente a cada toque
como se um músico celestial
nele executasse a ária
mais bela e perfeita já composta.
E assim, o espaço
invadido sem ponta de pudor
se torna pasto de um império de sentidos.
Está longe, o amor
Platónico.
Quem se deixa afogar em onírica ilusão
Quando tem ao alcance da mão
O mais belo e perfeito conjunto arquitectónico?
Como os meus amigos e habituais visitantes, o meu canto esteve à mercê das intempéries do blogger _ que me parece se estendeu a outros blogs, nos quais me tenho visto impedido de comentar - e sofreu danos irreparáveis, obrigando-me a uma inusitada paragem, na tentativa que se verificou vã de resolver os problemas.
Assim, não me restou outra alternativa senão a de mudar a fachada, mantendo contudo, o que de essencial a anterior continha.
Tal, e como é óbvio, tomou-me o tempo que deveria ter sido usado para postar alguma coisa de jeito.
Espero mais daqui a pouco fazê-lo, uma vez que o que havia a resolver, está feito e nem mexo mais. Pelo menos para já.
Até logo então.
Do Bird, ainda em estado de "Em Brasa"
P.S.- Deixo-vos uma recordação nostálgica de Bilbao. Espero que gostem dos "bichinhos"
Regresso
Volta-se . Volta-se sempre
mesmo parecendo não se querer ficar.
Volta-se entre bruma rasgada
pelo sol
Ou quando a brisa da manhã
Se espalha pelo ar
Volta-se, na placidez
quase sombria do poente
Ou no escuro da noite para o alvo de um lençol
Volta-se pela areia e pelo mar
Ou pela água fresca da nascente
Volta-se por um abraço ou por um beijo
Volta-se sonhando com o amor
Volta-se por paixão e por desejo
Eu volto pelo reflexo de cristal
Espelhado para mim naquele olhar
…e se o estado do tempo o permitir, a ver isto…
…mas deixo-vos isto…
…e prometo, quando regressar, que vos trago…
…A Souvenir of London
Bought a souvenir in London
Got to hide it from my mom
Can't declare it at the Customs
But I'll have to take it home
Tried to keep it confidential
But the news is leaking out
Got a souvenir in London
There's a lot of it about
Yes, I found a bit of London
I'd like to lose it quick
Got to show it to my doctor
'Cause it isn't going to shrink
Want to keep it confidential
But the truth is leaking out
Got a souvenir in London
There's a lot of it about
(Procol Harum)
Até já. Façam favor de ir gozando a vida
Seca
Secam-se-me os lábios
Sem os fios de saliva que deixas
Quando te estendes sobre mim
e me beijas,
lânguida, desregrada
despertando todos os sentidos
Os meus olhos
Nada mais veem senão sombras
E aquele amarelo indefinido
De areia estéril e rasgada.
Sem ti
Sinto entre os braços um vazio
Que em vão procuro preencher
Em noites solitárias
E o peito, dantes vulcão
transforma-se em deserto,
De uma aridez sem dimensão.
Se não estiveres por perto
seca-se-me a boca e o corpo que definha,
seca o coração
e a alma que já nem sinto como minha
Yardbird
******
Estou só
Levo á boca as mãos, as mesmas
Que levaram à tua boca o pão antigo,
O trigo das mães.
Tenho os lábios secos, sem beijos,
Sem frutos, sem nada.
E os nossos corpos já não se unem como
outrora,
junto às estações,
quando chegavam os comboios tristes
(João Agostinho Baptista)
Verifiquem com os vossos próprios olhos, o aspecto extremamente saudável das componentes desta magnífica organização!
Claro que haverá sempre os fundamentalistas que verão nesta minha mensagem um apelo à total abstinência em relação a TODO e QUALQUER tipo de carne! Não é! Refere-se mesmo e só, ao consumo de carnes mortas e de animais. O resto, dizem os dermatologistas que até faz muito bem à pele. Portanto, nesse campo, nada de dietas!
Nota de rodapé – Hoje, o blog não tem música, só a história de um pobre italiano que decidiu ir a Malta. Aconselho a audição, porque o episódio é demonstrativo de que não é só o Português que pode ser uma língua muito traiçoeira.