Não sei se um dia partirás
mas se o fizeres
vai de noite,
que eu não quero conhecer
as cores desse dia.
E nem deixes para trás a agonia,
rompe-me a aorta,
corta-me a respiração
deixa-me espalhado pelo chão.
Abre-me o peito com um estilete
estreito, longo e afiado
e leva contigo o coração.
Expõe-o numa vitrine
com um cartaz grande,
bem visível
e escreve a negro reforçado:
“Eis o que resta do último romântico
que por amor se deixou morrer.
Que absurdo,
chega a ser risível
Um querer ser diferente,
uma vaidade
Como se o amor não fosse há muito
um produto perecível
Pensaria porventura ele que se tratava
De um bem de primeira necessidade?”