Novos Voos - Take Two

quinta-feira, abril 28, 2005
Dos pássaros e do coração

11250377_97cf3fb1ca_o.jpg
Como pássaro
que não aceita o cativeiro
deveria voar livre,
o coração
sem grilhetas, sem barreiras,
sem prisão
sem limites de corpo, nem fronteiras
rebelde sem pousar
só num lugar
e até sucumbir por exaustão
deveria ser livre
para voar
Poderia o coração
ser andorinha,
rouxinol, pintassilgo
ou cardeal
gaivota, cotovia
até pardal,
mas nunca se deixar aprisionar

E assim, solto, anarquista
sem gaiola
amaria aqui e ali qual beija-flor
que nunca colhe o mel
de uma só rosa
evitando assim de todo qualquer dor
(Yardbird)
*****
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam
movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao
reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
(Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros)

Escrito por: VdeAlmeida, em 4/28/2005 09:11:00 da manhã | Permalink | |


0 Comments:


Estou no Blog.com.pt