Em toda e qualquer estação do ano
a frase mais usada será sempre
Que “Te amo”
No Verão, porque é azul e quente,
e o sangue corre ardente
mas também no Outono, que é despido
no Inverno para que se derreta o frio
quase dolorido
e na Primavera, que é sempre tão surpreendente
Pode-se dizer num sussurro,
a voz quase inaudível, como um fio,
um carinho inesperado,
ou entre sedas e arroubos de paixão
no meio de afagos húmidos e beijos
como se para nós não houvesse mais tempo
senão aquele que se esgota como febre
numa noite quase impura
de ímpetos incontrolados e desejos.
Mas diz-se sempre!
Evitar ou proibir é proibido,
que no dia em que a voz calar essa expressão
o universo explodirá por inacção
e nada mais fará qualquer sentido
Foto de Anne Bertino
Houve uma altura em que me atrevi nos poemas, terrível blasfémia. Este, escrevi-o há precisamente dois anos. Não me recordo se o cheguei a editar aqui. Mas isso também não tem importância.