Verdes…
O fundo do tunel…
Uma luz no meio da História...
Ruas em branco e flor…
Imaculados…
Recordações de uma tarde de sol em Castelo de Vide e Marvão
Jardim Perdido, a grande maravilha
Pela qual eternamente em mim
A tua face se ergue e brilha
Foi esse teu poder de não ter fim
Nem tempo, nem lugar e não ter nome
Sempre me abandonaste à beira de uma fome
As coisas nas tuas linhas oferecidas
Sempre ao meu encontro vieram já perdidas
Em cada um dos teus gestos sonhava
Um caminho de estranhas perspectivas,
E cada flor no tempo desdobrava
Um tumulto de danças fugitivas.
Os sons, os gestos, os motivos humanos
passaram em redor sem te tocar,
E só os deuses vieram habitar
No vazio infinito dos teus planos.
(Sophia de Mello Breyner Andersen)