Por vezes pondero a vida
Vejo como ela balança
Umas vezes para o pecado
Outros para a temperança
Não o faço muitas vezes
Mas quando me dou ao trabalho
Vejo como ela balança
Confesso que não sou santo
Que muitas vezes descambo
Para o campo mais errado
Mas penso cá para comigo
Que estou bem acompanhado
E assim me vou desculpando
Mas quando de tudo duvido
Pego nela com cuidado
E com muita paciência
Aquela que nos é necessária
p’ra tratar de uma criança
Esmiúço-a a pouco e pouco
Como se fosse uma trança
Cabelo para aqui, outro para ali
E chego sempre à conclusão
Que não há excesso de pecados
Há só uma vontade imensa
De entender que a vida é breve
Que há que a viver dia a dia
sem exagerar os cuidados
E sempre de forma intensa
Porque ela é como um cavalo
Que se monta sempre em pêlo
E dispensa rédea apertada
Por isso quando decido
Novamente ponderar
Sei por antecipação
Que vai dali resultar
Mas mesmo assim eu insisto
Vejo como ela balança
E quero que seja sempre
Para mim como uma dança