Um dia adormecerei eu todo inteiro
Deixarei esta vigília permanente
Ficarão fora de mim aqueles sentidos
Que me enchem de vazios e silêncios
Mas me fazem correr o sangue quente.
Serei então eu tudo e serei nada
Como se de nada e tudo eu fosse feito
Abandonarei nesse dia a minha estrada
Voltarei à terra-mãe donde emergi
Tomarei formas voláteis e supremas
Serei arcanjo ou nuvem, tanto faz
Serei espuma e mar, areia e vento
E não escreverei mais prosas nem poemas