Há muito que partiste. E no entanto, estás sempre presente.
A vida é feita de desencontros e o nosso foi só mais um. A vida é uma perda sucessiva, pelo que não faz sentido chorar a perda de uma parcela que faz parte de um todo. Não entendo assim, porque te choro todos os dias, todas as horas, todas as ínfimas fracções
Desencontrados, longínquos, mudos um para o outro, penso em ti e continuo a gostar de ti como se fosse ontem que tivesses sido minha pela última vez.
Porque gosto eu de ti? o que é este meu gostar de ti?
E respondo-me:
Gostar de ti é acordar de manhã, virar-me na cama à tua procura e ficar triste por não estares para te poder desejar com um beijo: "Tem um dia feliz,
querida"
Gostar de ti é ligar-te à hora mais insólita e deixar-te uma mensagem a dizer-te da falta que me fazes.
Gostar de ti é sentir o coração pequeno de cada vez que do outro lado da
linha te sinto a tristeza na voz ou te ouço o chorar manso e dorido
Gostar de ti é desejar a todo o instante que estejas feliz, a ultrapassar barreiras, a vencer tudo o que a vida te põe no caminho
Gostar de ti é ficar feliz quando estás feliz.
Gostar de ti é sentir uma alegria incomensurável quando ouço o teu riso límpido, e te imagino o sorriso rasgado que te ultrapassa a comissura dos lábios, te marca a face com duas reentrâncias lindas e inigualáveis, e te ilumina os olhos de uma forma que nem mil sóis conseguiriam iluminar nada.
Gostar de ti é ainda sentir na minha boca a tua boca, a tua lingua procurando a minha, percorrendo-me, deixando em cada pedaço de mim, um rasto de volúpia inapagável
Gostar de ti é sentir ainda nas minhas mãos e espalhado pelo meu peito o teu cabelo sedoso
Gostar de ti é ainda sentir no meu corpo o calor húmido do teu sexo
Gostar de ti é ainda me lembrar da textura suave do teu corpo na ponta dos meus dedos, é ainda reconhecer cada reentrãncia, cada elevação que me deixaste percorrer
Gostar de ti é lembrar-me do teu cheiro, e a cada uma dessas lembranças o meu
corpo reagir como se estivesses aqui
"Corpo perfeito.
As minhas mãos percorrendo
a geografia da pele.
A topografia da carne.
A ponta dos dedos...
A palma das mãos,
em lenta progressão,
por caminhos indecifráveis.
Penugens...
dos braços...
das pernas...
das coxas...
Calor,
teu corpo esta quente.
Cheiro de fêmea...
fragrância...
Prazer.
Sabor.
Todos sentidos presentes
Delicias."(
C Alex Fernandes)
Gostar de ti é olhar o mar e lembrar-me que àquele mar já o vimos os dois de mão na mão, coração em uníssono perante a beleza que só à tua se compara
Gostar de ti é saber que aos meus olhos, serás sempre uma mulher-menina de coração tão grande que chegas a ter dificuldade em o segurar
Gostar de ti é dizer que nunca conheci uma alma mais bela e generosa que a tua
Gostar de ti é amar-te sem querer saber de reciprocidades de sentimentos
Gostar de ti é todos os minutos meus serem teus
Gostar de ti é tentar conseguir ultrapassar a dor porque mo pedes
"Somente quem passa pelo gelo da dor chega à inocência do amor. (Chiara
Lubich)"
Gostar de ti é saber seres tu toda a minha melhor parte, aquele que só é capaz de sentimentos elevados
Gostar de ti é então estares-me no coração, na alma, na pele
Gostar de ti é recordar cada instante que passei contigo
Gostar de ti é, antes de adormecer, arquear o corpo de forma a acolher o teu na
concha que assim formo com o meu.
Gostar de ti é adormecer contigo nos meus braços a 1.000 km de distância, e
sussurrar-te cá de longe: "Noite feliz, querida"
Gostar de ti é tudo isso e muito mais, tudo o que, na minha inépcia não te
sou capaz de descrever
"A gente tem o costume de querer tirar da cabeça aquilo que está no coração."
Para ti, um Neruda
Debajo de tu piel vive la luna.
Con casto corazón,
con ojos puros, te celebro, belleza,
reteniendo la sangre
para que surja y siga la línea, tu contorno,
para que te acuestes a mi oda
como en tierra de bosques o de espuma,
en aroma terrestre o en música marina.
Bella desnuda,
igual tus pies arqueados
por un antiguo golpe de viento o del sonido
que tus orejas, caracolas mínimas
del espléndido mar americano.
Iguales son tus pechos de paralela plenitud,
colmados por la luz de la vida.
Iguales son volando tus párpados de trigo
que descubren o cierran
dos países profundos en tus ojos.
La línea que tu espalda ha dividido en pálidas regiones
se pierde y surge en dos tersas mitades de manzana,
y sigue separando tu hermosura en dos columnas
de oro quemado, de alabastro fino,
a perderse en tus pies como en dos uvas,
desde donde otra vez arde y se eleva
el árbol doble de tu simetría,
fuego florido, candelabro abierto,
turgente fruta erguida
sobre el pacto del mar y de la tierra.
Tu cuerpo, en qué materia,
ágata, cuarzo, trigo,
se plasmó, fue subiendo
como el pan se levanta
de la temperatura
y señaló colinas
plateadas,
valles de un solo pétalo, dulzuras
de profundo terciopelo,
hasta quedar cuajada
la fina y firme forma femenina?
No sólo es luz que cae sobre el mundo
lo que alarga en tu cuerpo
su nieve sofocada,
sino que se desprende
de ti la claridad como si fueras
encendida por dentro.
Debajo de tu piel vive la luna.