Desta, não há que enganar: o Verão vem aí. E ando nisto há três semanas, daí esta minha pronunciada ausência. Mas é que quando começo a soletrar meses começados por Ju não resisto a levantar-me logo pela manhã, espreitar pela janela e olhar o Tejo, e exclamar, mesmo que o dia esteja turvo ou a chover: “É hoje que eu vou para a praia!”. Visto-me a condizer com o desejo expresso e saio a rua.
Claro que até hoje o que tem acontecido é regressar a penates, por vezes de pés molhados e com o riso do Pestana a estalar-me aos ouvidos. Nunca conhecerei alguém tão insensível, disso tenho a certeza. Para terem uma leve noção da mais vincada característica da sua personalidade, só vos digo que há uns tempos o Arnaldo, que era empregado numa serralharia mecânica aqui do bairro ficou desempregado depois do patrão, o sr. Simões, ter declarado a falência da firma e se ter pirado para uma vivenda que entretanto comprara em Benidorm com a nova secretária, a Vanessa, uma rapariga de vinte e tal anos, loura e bem constituída, se compreendem o que quero dizer. Se não, eu faço o desenho: usa uns saltos agulha de 15 cms, meteu uns implantes no peito e passou de soutien 32B para 40C, e é tão competente como secretária, que no Inverno fazia a correspondência da firma de luvas. Bem, agora a competência dela tem que ser aplicada noutras áreas, uma vez que é a nova sra. Simões, e como o Simões já tem setenta e tal anos, a Vanessa “vai ter muito que se aplicar “, como diz o Pestana.
Ora o Arnaldo, aqui há dias estava a queixar-se da sua sorte no café:
- O que é que eu agora vou fazer? Já tenho quase 60 anos e ninguém me dá emprego.
Foi aí que o Pestana se meteu:
- Eh, pá! Porque é que não te metes por conta própria?
- Eu? - respondeu o Arnaldo. Nem dinheiro tenho para mandar cantar um cego!
Chegado aqui, devo esclarecer que o Arnaldo tem um pequeno problema físico: nasceu com a coluna torta, ou por palavras mais simples, é corcunda.
- Eh pá, para o que eu estou a pensar nem precisas de dinheiro, só tens que fazer umas duas semanas de preparação física na nova pista do Jardim da Estrela e depois só precisas de um cartaz, mas isso tu, como és marceneiro, sabes fazer. O texto, estou cá eu que sou pintor e escrevo-to de borla, com letra gótica e tudo.
- Mas para que é o cartaz?
- Para anunciares a tua actividade. Vais ali para ao pé dos Jerónimos que é onde aparecem mais turistas, e levas o cartaz a dizer: “Ida e volta de camelo até á Torre de Belém: 25Euros”. Como és marreco e simpático, vais ver que não te faltam clientes!
Agora o Arnaldo não fala com o Pestana, que diz que não percebe porquê. Enfim…
Mas agora, e por uns tempos, não lhe vou ouvir as chacotas. A trouxa está feita, e a Costa Vicentina aguarda-me!
Claro que até hoje o que tem acontecido é regressar a penates, por vezes de pés molhados e com o riso do Pestana a estalar-me aos ouvidos. Nunca conhecerei alguém tão insensível, disso tenho a certeza. Para terem uma leve noção da mais vincada característica da sua personalidade, só vos digo que há uns tempos o Arnaldo, que era empregado numa serralharia mecânica aqui do bairro ficou desempregado depois do patrão, o sr. Simões, ter declarado a falência da firma e se ter pirado para uma vivenda que entretanto comprara em Benidorm com a nova secretária, a Vanessa, uma rapariga de vinte e tal anos, loura e bem constituída, se compreendem o que quero dizer. Se não, eu faço o desenho: usa uns saltos agulha de 15 cms, meteu uns implantes no peito e passou de soutien 32B para 40C, e é tão competente como secretária, que no Inverno fazia a correspondência da firma de luvas. Bem, agora a competência dela tem que ser aplicada noutras áreas, uma vez que é a nova sra. Simões, e como o Simões já tem setenta e tal anos, a Vanessa “vai ter muito que se aplicar “, como diz o Pestana.
Ora o Arnaldo, aqui há dias estava a queixar-se da sua sorte no café:
- O que é que eu agora vou fazer? Já tenho quase 60 anos e ninguém me dá emprego.
Foi aí que o Pestana se meteu:
- Eh, pá! Porque é que não te metes por conta própria?
- Eu? - respondeu o Arnaldo. Nem dinheiro tenho para mandar cantar um cego!
Chegado aqui, devo esclarecer que o Arnaldo tem um pequeno problema físico: nasceu com a coluna torta, ou por palavras mais simples, é corcunda.
- Eh pá, para o que eu estou a pensar nem precisas de dinheiro, só tens que fazer umas duas semanas de preparação física na nova pista do Jardim da Estrela e depois só precisas de um cartaz, mas isso tu, como és marceneiro, sabes fazer. O texto, estou cá eu que sou pintor e escrevo-to de borla, com letra gótica e tudo.
- Mas para que é o cartaz?
- Para anunciares a tua actividade. Vais ali para ao pé dos Jerónimos que é onde aparecem mais turistas, e levas o cartaz a dizer: “Ida e volta de camelo até á Torre de Belém: 25Euros”. Como és marreco e simpático, vais ver que não te faltam clientes!
Agora o Arnaldo não fala com o Pestana, que diz que não percebe porquê. Enfim…
Mas agora, e por uns tempos, não lhe vou ouvir as chacotas. A trouxa está feita, e a Costa Vicentina aguarda-me!