Novos Voos - Take Two

quinta-feira, abril 26, 2007
Montras e reflexos do Marais
Montra II, Marais 2007

Montra, Marais 2007

Montra V, Marais 2007

Marais, Paris 2007

Ando a precisar de um génio que me {e}leve

I ain't gonna work on Maggie's farm no more
No, I aint gonna work on Maggie's farm no more
Well, I wake up in the morning
Fold my hands and pray for rain
I got a head full of ideas
That are drivin' me insane
It's a shame the way she makes me scrub the floor
I ain't gonna work on Maggie's farm no more.
Bob Dylan
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/26/2007 04:51:00 da tarde | Permalink | | ( 7)Comentários
segunda-feira, abril 23, 2007
Strawberry Fields Forever
Sylvie Vartan1


Nunca foi uma paixão minha. É verdade que aquele ar angelical atraía, e o ligeiríssimo intervalo entre os dois dentes da frente lhe emprestava um toque de sensualidade muito própria. Era bonita e agradava, mas ficava-se por aí o seu nível de sedução em relação a mim.
Paixão assolapada era-o para o Paulo, que ficava num estado de êxtase de cada vez que ouvia a Sylvie. A princípio, aquela fixação dele deixara-me perplexo. Afinal, éramos ambos intransigentes, musicalmente falando, ouvíamos Yardbirds e Georgie Fame, Beatles ou Van Morrison, mas nunca alguém que cantasse versões (a não ser algum dos grandes clássicos dos blues), muito menos noutra língua, como era o caso. Tínhamos uma espécie de acordo tácito (é verdade, era sinal de algum preconceito, mas um preconceito que assumíamos com orgulho) sobre isso e só algum tempo depois, descobri que aquilo não tinha nada a ver com a questão musical, era amor adolescente puro e duro, esse sentimento tão forte em obstinação e cegueira.
O Paulo, adolescente como eu, era muito louro e tinha uma cara de queixo quadrado, de pele branca, baça e com borbulhas, onde brilhavam uns olhos azuis, muito raros no meio da imensidão de olhos castanhos mediterrânicos que inundavam o liceu, facto que de algum modo, o poderia destacar na multidão. Porém, a limpidez daqueles olhos cor de oceano não lhe traziam qualquer vantagem funcional, uma vez que tinha que usar uns óculos grandes, de aros de tartaruga, que lhe corrigiam a miopia. Queixava-se muita vez do facto, e para o alentar, dizia-lhe sempre que um dia iam arranjar modo de lhe corrigir o problema.
Aquela fixação, durou o bastante e tão fortemente, que me conseguiu arrastar para um concerto dela no Monumental, que ficou para a história, como um dos mais acidentados da minha vida. Refiro só um dos episódios, que teve como protagonista o artista que fazia a 1ª parte do espectáculo. Era o António Calvário e tal facto demonstrava alguma falta de tacto por parte do empresário, no caso, o Vasco Morgado, que teve a insensibilidade de reunir dois artistas com públicos muito distintos e, de certa maneira, antagónicos. Enquanto a Vartan era aplaudida maioritariamente pela juventude estudante de então, o Calvário tinha nas donas de casa, nas costureirinhas e sopeiras, frequentadoras dos serões para trabalhadores e audiência maioritária dos romances Tide, o seu público preferencial (e aqui não estou a fazer qualquer juízo de valor, mas tão somente a apontar um facto). Ora o problema surgiu porque quem estava ali, estava para ouvir a francesinha e não ao Rei da Rádio, que do alto do seu trono, não conseguiu entender isso, facto que lhe foi fatal. Sabe-se como o adolescente pode ser quase tão cruel como a criancinha, e quando o Toninho surgiu no palco para dizer, que “entendia que a juventude ali estava para ouvir a Sylvie, mas ele tinha que cumprir o contracto, patati, patatá ”, ao coro de assobios e pateada de balcão e plateia, juntou-se uma batata enorme que atirada por mão certeira, lhe acertou em cheio num olho e o prostrou no palco. O episódio tragico-cómico foi ovacionado mais ruidosa e longamente que a Sylvie, quando surgiu no palco com um vestido muito escuro e justo, que lhe realçava as curvas do corpo e o louro platinado do cabelo. Depois, veio aquele fiozinho de voz que deixou o Paulo em estado de choque.
A militância amorosa do meu amigo, só sofreu um abalo, no dia em que soube que ela ia casar com o Johhny Halliday. Logo o Halliday! Se havia alguém a quem tínhamos jurado “ódio eterno” era ao Halliday, com aquele ar rançoso, a querer imitar o Elvis Presley, quue já de si não achávamos grande coisa! Mas já recomposto dizia: “Ela ainda vai cair em si, vais ver! Pode lá ser, casar com aquele mastronço!”. Claro que aquilo era o discurso de quem se quer convencer a si próprio, um wishfull thinking, mas lá no fundo sentia que aquilo era irreversível. Por isso, quando se consumou o enlace, ele não sentiu tanto o golpe.
No ano seguinte por esta altura, um Paulo ainda esperançado que a Sylvie Vartan um dia o viesse a conhecer e no mesmo instante deixasse o lar e o pingonheiro do Halliday, comunicou-me que nesse Verão iria para Inglaterra passar uma parte das férias na apanha dos morangos. Confesso que senti uma pontinha de inveja por o ver partir para o “país da nossa música “, para a terra dos Beatles, mas a satisfação por ele, sobrepôs-se ao resto.
Depois da saída das notas, ainda vadiámos por Lisboa e arredores umas semanas, praia, bailes, uns mata-ratos fumados às escondidas no miradouro da Jardim da Estrela, até que, numa tarde de início de Julho, partiu para Londres. Seguiu-se um longo silêncio, até que um dia o carteiro me entregou um postal com vistas e marca de correio de Blackpool. Não vinha assinado, mas aquela letra muito inclinada para a esquerda era uma impressão digital. A mensagem era simples:
Strawberry fields forever.
Enigmática, a mensagem só teve esclarecimento algum tempo depois: o Paulo ficaria por lá para sempre. Ou pelo menos, o tempo suficiente para escapar à tropa, e consequentemente, à guerra.
Nunca mais soube dele, nem da sua paixão pela Sylvie. Mas suponho que alguma inglesa loura e muito branquinha, tenha tomado o lugar dela no seu coração.


Sylvie Vartan - La plus belle pour aller danser
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/23/2007 07:06:00 da tarde | Permalink | | ( 2)Comentários
sexta-feira, abril 20, 2007
Thinking Blogger Award
Thinking Blogger Award


A Rosa Brava, minha amiga de longa data neste microcosmos que é a blogoesfera, lembrou-se de mim para me atribuir esta “nomeação”. Tendo em conta a sua estrutura, esta iniciativa sugere-me um pouco aquelas “correntes” de emails, que eu nem abro e deito imediatamente para o caixote do lixo.
Mas no caso, tenho a noção exacta de que se tratou de uma dádiva sincera de amizade, que eu aceito com a gratidão que lhe é devida. Obrigado Rosa Brava, pelo teu carinho.
A parte difícil vem a seguir, pois sei que muitos dos meus amigos a quem poderia “passar” o testemunho, comungam da minha opinião sobre estes “awards”. No entanto, e para lhe retirar em parte, aquele seu lado menos positivo, “passo-o” sem o ónus de o terem que passar a outros.
Assim, aí vai a listinha, que escolhi tendo em conta duas vertentes, a qualidade dos blogs por um lado, e a minha relação de amizade pessoal com alguns do bloggers nomeados:
Sem Pénis, Nem Inveja - A Teresa C. é a minha mais antiga amiga virtual, e desde há muito, bem real. Sempre atenta, mesmo nas alturas em que este local esteve mais parado mercê do desinteresse do autor, nunca faltou com a sua presença, e com os seus incentivos. Mas para além do mais, a sua autora fez do seu blog, com o seu talento e a desenvoltura da sua escrita sui-generis, um dos sítios de referência da blogoesfera.
Espelhos e Labirintos - Um espaço que sempre me fascinou, e no qual a sua autora sempre espelhou labirintos que nos convidam a perdermo-nos.
Luz&Sombra - Um dos meus blogs preferidos de primeira hora, pelo humor, pela excelência do grafismo e pela simpatia inexcedível demonstrada por quem o faz, para com este humilde escriba
La Marée Haute - Outra das minhas visitas diárias obrigatórias. Uma companhia, tanta vez distante, mas sempre presente.
Paixões e Desejos - Este é um blog sobre cinema - uma das minhas paixões maiores - muito bem idealizado e extremamente cuidado. Um blog que eu gostaria de ter construído.

E pronto.
Ufff…

Escrito por: VdeAlmeida, em 4/20/2007 06:07:00 da tarde | Permalink | | ( 0)Comentários
quinta-feira, abril 19, 2007
2 em 1: Faces do Cinema (3) e Post it de viagem
Philippe Noiret1

(foto de autor desconhecido)

Do riso dramático de “Adeus Amigos”, comédia italiana afiada como lâmina, à saudade do Alfredo projectista prodigioso de um Cinema Paradiso que revejo todos os dias nos meus sonos. Passando pela mão inexorável e justiceira de “Le Vieux Fusil”, e pela poesia de Neruda e do seu carteiro (qual deles terá elevado mais a poesia?).
Este, que tendo partido, permanecerá sempre.

Post it de viagem:
As Luzes que iluminam Vendôme

A luz que ilumina Vendôme
Place Vendôme

(fotos by yardbird)
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/19/2007 06:41:00 da tarde | Permalink | | ( 13)Comentários
segunda-feira, abril 16, 2007
Música de rua (1)
Sob as Arcadas da Place des Vosges (1)

Por vezes a vida tem destas coisas, o sol abre-se, desfaz nuvens, nem daquelas de algodão se vêm, e a vida sorri a quem sorri para ela.
Longe das depressões dos dias de chumbo e sem saudades delas, sai-se à deriva, em busca da felicidade. Que pode estar espalhada numa praça inundada de gente e sol, debaixo de uma arcada sombria mas terna ou por uma pauta de tango ou música gitana tocada por estranhos, que num estalar de dedos, passam a fazer parte dos nossos afectos.
Sob as arcadas da Place des Vosges (2) - Paris, Páscoa 2007


P.S.- Que me perdõem os amigos presentes no post anterior pela falta de respostas. É que agora, me parece, já iriam a destempo.
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/16/2007 03:34:00 da tarde | Permalink | | ( 16)Comentários
quinta-feira, abril 05, 2007
Itinerário
I

lesdeuxmagots


Les Deux Magots

II

Mont St Michel


Mont St. Michel

III

Bruges


Bruges

IV

edouard_leon_cortes_b1200_place_du_tertre_sacre_coeur


Place du Tertre
...e volta.
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/05/2007 07:27:00 da tarde | Permalink | | ( 10)Comentários
quarta-feira, abril 04, 2007
40 anos de Portas Abertas
Jim Morrison)


Quando há quarenta anos atrás, Jim irrompeu pelo palco vindo detrás de Ray Manzarek, entoando as primeiras notas do seu hino “Light my fire”, o mundo tremeu e abriram-se as portas à era de Aquarius. Nesse minuto, o mundo sentiu que nada voltaria a ser como dantes.
E seguiu ele assombrando o mundo, ora pedindo que lhe indicassem the way to the next whisky bar, ora sugerindo ao seu amor para lhe acender a chama com Light my fire e para o amar duas vezes "One for tomorrow, one just for today; Love me two times, I'm goin' away". Juntou-se aos milhões que contestavam a guerra, serviu-lhes de porta-voz e gritou o seu imortal Unknown Soldier .
Jim partiu há muitos anos, juntando-se aos seus pares no Olimpo. Mas as portas permaneceram abertas e apesar de continuarmos Waiting for the sun ou de um Indian Summer, a Celebração do Rei Lagarto continua a realizar-se todos os anos. O The End ainda está para vir.

This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of night we tried to die
This is the end
Escrito por: VdeAlmeida, em 4/04/2007 10:24:00 da manhã | Permalink | | ( 3)Comentários
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