1 - Revejo o filme do génio Tati. Dar-me-á para levantar o astral e não pensar mais no que queria e não tenho?
2 - Leio John Donne a quem prezo e em quem acredito. E para que conste que se não deve amar, sob pena de se poder morrer desnecessariamente, aí fica um poema dele:
O Paradoxo
Amante nenhum anuncia "Amo"
Ou imagina haver amante outro perfeito;
Não pensa que além de si existe quem possa amar, nem aceita
que alguém ame, excepto ele próprio:
Eu não posso dizer que amei, pois quem poderá dizer
Que foi assassinado?
O amor mata o jovem mais com excessos de calor
E o velho com demasiado frio.
Morremos apenas uma vez, e quem amou foi o último a morrer,
Quem o diz duas vezes agora jaz:
Pois ainda que parecesse mover-se e agitar-se um pouco
Enganava nossos sentidos.
Esta vida é como a luz que ainda brilha
Quando a luz da vida já se encontra extinta,
Ou como o calor duas horas depois já apartado
do fogo sólida matéria.
Amei e morri uma vez; agora me tornei
Minha própria tumba e epitáfio.
Aqui os mortos dizem suas últimas palavras, e assim eu também,
Morto de amor, vê, aqui jazo.
3 - Falta-me a música. Ouço Lisa Ekdal, Heaven, Earth and Beyond
Esta voz tem o dom de me serenar. Take my pain away. Quase adormeço, e no entanto, ela não me deixa dormir. Porque me mantem as emoções despertas. Esta voz acaricia-me a pele, como uma mão de seda, como se tivesse dedos de veludo. Logo, deixo aqui as palavras que ela me sussurra ao ouvido.
Agora não estou aqui. Estou noutro qualquer lugar, para lá do horizonte. Sonho.
Cá ficam as palavras ciciadas:
This night
I awoke
Out from dreams
Of tall cascading fontains
Of love
I'm floating like a dove
Covered from above
With fountains of love
And you
Fly with me
Through a scene
Of deep caressing rivers
Of love
Soft as a dove
It's you i'm dreaming of
With rivers of love
Flowing from above
Knowing only of
Rivers of love
(Salvador Poe)