O País hoje ficou mais pobre.
Deixou-nos uma das maiores poetisas mundiais de sempre, Sophia de Mello Breyner Anderson. Por ela, para ela, as suas palavras. Ímpares.
As Ondas
As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.
Mar
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua
Espera
Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro
Promessa
És tu a Primavera que eu esperava
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante
Em nome
Em nome da tua ausência
Constuí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei