Intervalo amoroso
O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?
Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?
Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?
Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?
O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?
(Affonso Romano de Sant'Ana)
O excedente do tempo,
sem amor
É oco, sem expressão,
falta-lhe a vida,
a cor
O lençol sem dois corpos
em pulsão
É mortalha, é só pano
triste,
oco de paixão
O leito, deserto,
Não é palco de nada
de importância
É só mais uma peça
que compõe
O quadro monótono
do dia
Por isso,
De uma cama vazia
Não quero
Nem estar perto