Percorro pela milésima vez a álea atapetada pelo rosa arroxeado das flores mortas dos jacarandás.
Sento-me no velho muro à sombra de um deles a pensar na precaridade dos sentimentos que nos invadem. De como a frase "A verdade de ontem, é a mentira de amanhã" tem para mim cada vez mais sentido.
Repenso novamente O'Neil:
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De esperança louca. Que se perde rápido como um suspiro.
O malmequer vai sendo desfolhado lentamente: Amas-me? Não me amas?.
Já sei a resposta antecipada, para quê então a roleta russa?
Vou-me.
Em casa espera-me a Nina Simone. Essa ao menos canta-me sempre:
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s’oblier qui s’enfuit dejà
Oublier le temps des malentendus
Et le temps perdu à savoir comment
Oublier ces heures que tuaient parfois à coups de pourquois
Le coer du bonheur
If you go away
On this summer's day
Then you might as well take the sun away
All the birds that flew in the summer sky
When our love was new
And our hearts were high
And the day was young
And the nights were long
The trees stood still for the night birds song
If you go away,
If you go away,
If you go away,