Novos Voos - Take Two

segunda-feira, junho 14, 2004
Do desejo


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Do desejo disse Florbela:

Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te...


E Neruda:
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem
Sou mais pequeno que um insecto
Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centímetros queimados,
pálidas perspectivas.
Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!
Pelas tuas pernas desço
tecendo espiral...


Ou Maria Teresa Horta:
Empurra a tua espada
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo
Que eu sinta de ti a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins
deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas de doçura
Ó meu amor a tua língua
prende
Aquilo que desprende de loucura


É então fácil falar dele quando se gerem as palavras de maneira superior e se sabe denunciar na perfeição cada sentimento/emoção.
Que poderia mais dizer eu que já não esteja dito?
Talvez que:

Percorres-me o corpo
com as tuas mãos
Esguias, leves como pétalas,
frescas
O arrepio sobe-me
fino de desejo
Dobro-me e vejo-te,
acaricio-te a face
Suave e bela,
na qual te deposito
breve, um beijo
Pousas-me no ombro,
a cabeça perfeita
Espalhas pelo meu peito
os teus cabelos
Sinto na minha
a tua pele de seda
Vejo como me olhas
E consegues-me fazer
Sentir que sou um deus,
Que sou eu o eleito







Escrito por: VdeAlmeida, em 6/14/2004 09:11:00 da manhã | Permalink | |


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