Revi o "High Fidelity" pela milionésima vez. É um dos filmes que mais tem que ver comigo. Gosto daquele humor subtil, gosto dos desencontros e duvidas amorosas de Rob Gordon (John Cusack), e aquela exacerbada melomania que o autor, Nick Hornby, transfere para o personagem é algo de notável. Só quem ama verdadeiramente a música pode entender uma catalogação de discos realizada segundo os ditames amorosos de Rob. Ou como diria Gainsbourg:
"Ne vous déplaise
En dansant la Javanaise
Nous nous aimions
Le temps d'une chanson"
Não me imagino a fazer semelhante experiência, a minha memória seria incapaz de tal tarefa e aquela associação seria demasiado complicada. Além de que a minha vida é demasiado sensaborona para se prestar a coisas semelhantes.
Mas guardo recordações, sim. Quando ouvi o meu primeiro disco do Leonard Cohen tive uma comoção quase tão grande como quando vi pela primeira vez as fotos da Heather Christensen para a Playboy (a minha quase doentia fixação por ruivas vem daí). Este é só um exemplo, e hoje é sábado, ninguém está para se maçar com estas minhas bizarras idiossincrasias.
Só que, tal como sugere Hornby, a música tem tudo a ver com o amor. Ou o imortal Brel não teria cantado:
"...
Quand on n'a que l'amour
Pour unique raison
Pour unique chanson
Et unique secours
...
Alors sans avoir rien
Que la force d'aimer
Nous aurons dans nos mains,
Amis le monde entier"