Quis dar-te o céu das borboletas
e das nuvens de algodão
e o azul do mar rebelde em profusão
Estender um passo à frente e dar-te a mão
levar-te àquelas boutiques mais selectas
Da avenue Montaigne e numa delas
Comprar-te um lenço de seda
(ou algodão)
daqueles alegres, vermelho labareda
que faria par com o teu olhar brilhante
que é capaz de desvendar segredos
(todos os segredos, cintilante!)
e, como crianças alegres, desgarradas,
felizes como o voltar da andorinha e sempre de mãos dadas
regressarmos a correr para o nosso quarto
E deitar-te no leito
a meu lado e carinhoso dar-te o peito
onde espalharias os cabelos perfumados
que tomaria em minhas mãos
e com todo o amor que sou capaz eu beijaria
A seguir, dar-te a paixão,
a alma, o corpo e a ilusão
de que vivíamos para lá do que é terreno
e a seguir, aquele sono sereno
que se acaba com o sol rente à janela.
Depois, sair com um sorriso na lapela
levar-te pão morno, ou croissantes
e um chá bem quente de canela
que beberias feliz ainda na cama
enquanto eu compunha as tuas flores
e do chão apanhava o teu pijama
Queria dar-te tudo neste dia
(que pretensão a minha)
em que se celebra bela, a Primavera
abro as mãos envergonhado, estão vazias
e assim só me resta a poesia
um abraço cinéfilo
rui luís lima