Novos Voos - Take Two

quarta-feira, março 21, 2007
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Quis-te dar tudo e tudo é quase nada

Quis dar-te o céu das borboletas
e das nuvens de algodão
e o azul do mar rebelde em profusão
Estender um passo à frente e dar-te a mão
levar-te àquelas boutiques mais selectas
Da avenue Montaigne e numa delas
Comprar-te um lenço de seda
(ou algodão)
daqueles alegres, vermelho labareda
que faria par com o teu olhar brilhante
que é capaz de desvendar segredos
(todos os segredos, cintilante!)
e, como crianças alegres, desgarradas,
felizes como o voltar da andorinha e sempre de mãos dadas
regressarmos a correr para o nosso quarto
E deitar-te no leito
a meu lado e carinhoso dar-te o peito
onde espalharias os cabelos perfumados
que tomaria em minhas mãos
e com todo o amor que sou capaz eu beijaria
A seguir, dar-te a paixão,
a alma, o corpo e a ilusão
de que vivíamos para lá do que é terreno
e a seguir, aquele sono sereno
que se acaba com o sol rente à janela.
Depois, sair com um sorriso na lapela
levar-te pão morno, ou croissantes
e um chá bem quente de canela
que beberias feliz ainda na cama
enquanto eu compunha as tuas flores
e do chão apanhava o teu pijama

Queria dar-te tudo neste dia
(que pretensão a minha)
em que se celebra bela, a Primavera
abro as mãos envergonhado, estão vazias
e assim só me resta a poesia



Leo Ferré - La solitude
Escrito por: VdeAlmeida, em 3/21/2007 06:01:00 da tarde | Permalink | |


2 Comments:


  • At 10:14 da tarde, Blogger spring

    Como é bom entrar num blogue e escutar as palavras do grande Leo Ferré esse mesmo Leo que depois de nos falar da solidão, faz o retrato de "Les Pops" no outro lado do disco. Pois é sou da idade do vinil e tive este mesmo disco, como o "Je Te Donne" e o "Il Ne Y a Plus Rien", já estou a escutar o Léo no "Numero Deux" do Godard.
    um abraço cinéfilo
    rui luís lima  
  • At 10:04 da tarde, Blogger Monalisa

    Há quanto tempo não vinha cá! Está diferente, mas reconheço-te aqui também. Beijo muito grande.  
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