Novos Voos - Take Two

sábado, dezembro 10, 2005
Indecisão
Indecisão

Escrevia Clarice Lispector : “Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.”
E como”explica” Neruda:
Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
.
[...]
Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
[...]
Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

E até há canções pop – como esta dos Love Affair – que cantam o amor para sempre.


Há porém quem se interrogue sobre as virtudes do amor, procurando precaver-se contra os danos que ele pode causar, fechando portas e janelas, como se acautelasse a entrada de um ladrão. Ou de um veneno. Ignorando o que Clarice diz: Não mata!
Aplicam formas de viver alheias a ele. Mas vivem? Ou sobrevivem?
Ponderando, não será possível sossegarmos em cima do muro, sem termos que decidir para que lado saltar?
Ou essa será sempre uma situação provisória?
Ou, o melhor é mesmo decidirmo-nos, e como diz O’Neil:

O amor é amor . e depois?
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito
cortando o mar, cortando o ar
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois?
espírito e calor!

O amor é o amor - e depois?

Foto de Brian Doben
Escrito por: VdeAlmeida, em 12/10/2005 05:22:00 da tarde | Permalink | |


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