Lisboa é uma espécie de manta feita de muitos retalhos, cada um com as suas características muito peculiares que os torna único.
Nunca neguei a minha especial predilecção pelos recantos encostados ao Tejo, ou de onde ao menos o possa ver, mas o meu pedaço preferido é aquele triângulo delimitado pelo Jardim das Amoreiras, mesmo encostado à Mãe-de-Água, onde cresci, pelo Jardim da Estrela, com o seu coreto, frente ao qual provavelmente ouvi com atenção os primeiros acordes de musica e o extraordinário Jardim do Príncipe Real, com o seu maravilhoso e único Cedro-do-Buçaco, cujo intrincado do tronco múltiplo, me deixa sempre mudo de admiração.
A meio caminho, vindo das Amoreiras, fica outro oásis verde, o Jardim Botânico, hoje um tanto esquecido, talvez pelo pagamento exigido para a visita, talvez por algum abandono que se lhe nota. Ainda assim, ajuda a que este pedaço da cidade seja único, com uma tão vincada presença de verde.
Apesar de quase já não existirem os pequenos regatos artificiais, a exuberância da flora de outras terras está presente em cada recanto,
e tomando as formas mais bizarras, umas vezes
outras, transportando-nos a imaginação para paraísos tropicais.
Sobram os recantos aprazíveis, apesar da falta de água se fazer sentir dolorosamente, como aqui, debaixo desta ponte,
que se devia reflectir na correnteza de um pequeno fio de água, do qual só resta o leito estreito, agora tomado pelas ervas.
Entre toda aquela vegetação luxuriante, só consegui vislumbrar este pequeno lago, excelentemente enquadrado na paisagem, mas de águas pouco tratadas.
Notei-lhe também a lacuna de não existir uma esplanada, ou mesmo um pequeno café. Restam os muitos bancos para descansar e usufruir daquela majestade da natureza
Mas como referi, até se dá de barato a falta de água e da esplanada, entregando-nos graciosamente à serenidade que escorre de todos aqueles matizes de verde e terra, ao romantismo que transpira de todos aqueles recantos, e que ainda é poiso preferido para muitos casais de namorados
Nota – À entrada do Botânico, há uma pequena estufa com curiosas plantas “carnívoras”. Um destes dias, deixo as fotos
Um abraço. Augusto