Escorre na ampulheta a vida,
Que é um porto de chegada
e um ponto de partida
Que se espraia indefinido,
quase sofrido, indolente,
A meus pés, aos meus olhos
lentamente
Passado, futuro, presente
E mesmo nos dias tristonhos
é ponto exacto de saída
para tudo aquilo que a vida
escolhe, com rigor, precisa
o que quer da minha vida
Dele me solto para as mil cores
Que o sonho pode ter
Porque sem sonho uma vida
Nem merece ser vivida
Que assim nem chega a ser vida
E por aqui já se entende
que mantenha abertos os braços
aos braços que a vida me estende