Aqui, nesta pontinha do hemisfério
Onde a terra rasga o mar como uma faca
Sento-me na rocha agreste e fria
E olho a linha do horizonte indefinida
Como se nela procurasse, insistente
Resposta pronta e certeira para o mistério
Que me traz impaciente noite e dia
Para a pergunta irrespondível que será
Dizer-me qual o sentido desta vida
Deixo assim perder o olhar na imensidão
Deste azul que me envolve com brandura
E quase adormeço em doce embalo
Que as ondas são tão mansas com a mão
Da velha mãe que nos beija e nos afaga
E nos mostra que na terra ainda há ternura