"Dormi contigo toda a noite
Junto ao mar, na ilha
Eras doce e selvagem entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Os nossos sonos uniram-se
talvez muito tarde
no alto ou no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento agita,
em baixo como vermelhas raízes que se tocam [...]"
Pablo Neruda, A Noite na Ilha
"[...] Esperamos em vão, isso sabemos,
Amaldiçoamos em vão este porto, estas
vagas e esta escuridão.
Só as nossas lágrimas, só os nossos sonhos
ainda amam o mar"
José Agostinho Baptista, Náufragos
Enredas-me assim, nesses teus braços
longas promessas de carícias e desejos
Atrais-me para o abismo dos sentidos
E eu que há tanto espero o teu chamado
Peco mais uma vez sem contrição
E desfaleço na rebentação, sorrindo
Perdido num vendaval incontrolável
de lascíva e impúdica paixão
Envolto na maré e em gemidos