Numa 6ª feira 13, deixo uma pequena homenagem a Edgar Allan Poe, talvez o primeiro grande mestre do conto de terror, de quem há muito sou um admirador confesso.
Mas Poe não foi só autor de contos. Foi também poeta, faceta que muitos lhe desconhecem. Deixo-vos um excerto do seu poema "O Corvo", um dos mais conhecidos e que acho magnífico:
[...]Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais». [...]
O poema completo, podem ler aqui, tradução do nosso Fernando Pessoa