Acho que toda a minha vida está ligada a eles, embora deles me tenha afastado a espaços. Voltando sempre, contudo.
A história do selo, estando ligada à história mundial do último século e meio, tem tido uma evolução curiosa, passando de forma de pagamento da circulação de correio, a modo de comemorar uma ou outra efeméride, a, com a proliferação das formas mecânicas de franquia, uma expressão artística para satisfação dos milhões de filatelistas que gostam de apreciar aqueles pequenos pedaços de papel lustrosos e coloridos.
Na verdade, já é mais comum a franquia mecânica que o selo. E contudo, cada vez mais emissões de selos se fazem anualmente, quer em Portugal, quer a nível mundial. Ao mesmo tempo que instituições, públicas ou privadas, procuram que as suas datas significativas sejam perpetuadas em selo, os gabinetes artísticos esmeram-se cada vez mais na qualidade artística dos pequenos rectângulos picotados.
De tal forma o selo ganhou importância, que, suponho, poucos serão os artistas plásticos que, quando convidados pelos correios para serem os autores de emissões, recusam o convite.
E assim sendo, o certo é que o filatelista já não é só o coleccionador de selos, mas o possuidor de uma quantidade invejável de pequenas obras de arte, muitas delas assinadas por figuras gradas das nossas artes plásticas.
E esse é um dos motivos pelos quais, o selo português é um dos mais cotados a nível internacional.
Nota 1 - Os selos das fotos, foram lançados pelos CTT, hoje, Dia Mundial da Água. Parece-me que a criatividade é patente.
Nota 2 – A filosofia do filatelista, ou de alguns filatelistas, foi evoluindo com os tempos. De alguma forma romântica, o filatelista dos primórdios, tinha a paixão pela história que cada selo contava. Pelos carimbos, sabia-lhe o percurso, o tempo decorrido.
Mas o carimbo também se tornou, de certa forma, carrasco desta forma de coleccionismo. As marcas de dia pouco cuidadas, as tintas de óleo de péssima qualidade, acabavam por danificar de tal forma os selos, que os tornavam uma borrada ilegível. Por isso, a grande maioria dos filatelistas na actualidade, prefere o selo não circulado, ou o selo obliterado com o carimbo comemorativo de 1º dia, que é sempre aplicado de forma cuidada e de modo a valorizar o selo.